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16 janeiro, 2011

ALBINO RUBIM NOVO SECRETÁRO DA CULTURA - NÃO VI , NÃO GOSTEI Por Vauluizo Bezerra

Não vi e nem gostei. Vocês ficam na passividade dos votos de boa gestão: “que faça isso, que faça aquilo, faço votos de uma boa gestão, nunca ouvi falar no senhor, mas temos esperança que olhe para nós com atenção ”. Não vai fazer nada. Eminência parda, sem melanina a começar pelo nome. Quando digo que nós artistas plásticos, visuais, "cambiais", midiáticos, ignorantes, não somos articulados, vocês me acusam de apaniguado, e amigo dos "poderosos". Pois bem, defendo os "derrotados". Vocês souberam bater em quem trabalhou muito como Solange Farkas, que nos trouxe coisas que ninguém além dela, no atual panorama, jamais conseguiria trazer à Bahia - aliás, mais um absurdo para a lista de Otávio Mangabeira - vocês praticaram xenofobia com uma baiana de Feira de Santana, mas não tiveram a capacidade de se agrupar em torno de um nome que acreditassem. Vocês lidam com cores, mas são pálidos de idéias, equivocados e passivos politicamente, ficam em silencio diante de quem não conhece, porque não lutam em torno de quem conhecem e acreditam? Porque vocês não entendem nada, e não são mais meninos; aquele discurso de Caetano Veloso no festival da Record que entre tantas coisas diz: "SE VOCES ENTENDEM DE POLÍTICA QUANTO ENTENDEM DE ESTÉTICA, VOCES NÃO ESTÃO COM NADA, NÃO ESTÃO ENTENDENDO NADA"! Isso lhes cabe como um PARANGOLÉ DE OITICICA, que todos vestem como idéia, mas ignoram o que vestem. O Governador não é bobo, engessou a Pasta da Cultura pra não trombar com o lobby pesado dos arcaísmos baiano. Teve muito trabalho com a pasta da Cultura nas tentativas de acertos conceituais, dificultadas na incapacidade administrativa locada na tradição imperial da nossa burocracia. O que foi conquistado nestes quatro anos à custa de muito trabalho e desgaste emocional nos serve de grifo aos esforços vãos, entre erros e acertos empurrados para ralo do lodaçal nebuloso da política. Até um mês atrás, todos tinham “aquilo” roxo, e atiravam pedras indiscriminadamente em Solange Farkas, tudo em nome de um Salão anacrônico e esvaziado. Em realidade vocês defendiam a possibilidade de ganhar 20.000 contos de réis. Muitos dos artistas ficaram insatisfeitos quando Farkas transformou os 20.000 contos de Réis em estadias internacionais mediadas pelo reconhecimento global que ela goza, mas os artistas baianos não querem interlocuções com o mundo, à maneira americana, o Bahian Way Life prima pelo seu Umbigo de Ouro, não está interessado no mundo porque o mundo é aqui, o Axé corrobora, Amy Winehouse sai do Rio/São Paulo, passa por cima da Bahia e mostra os o bicos no Recife, nós ficamos a ver navios, na sede da Cultura baiana, no Porto da Barra, onde de longe avistamos sob o calor dos vapores marinhos a figura desfocada do Sr. Albino Rubim, nada pessoal, tudo cultural.
Vauluizo Bezerra

Alguns pontos sobre Solange Farkas

Leonel Matos argumenta que tem 40 anos de arte, tenho 42, mas isso aqui não é uma competição geriátrica, antes, ao menos penso, é a exposição de visões políticas diferentes sobre as noções de cultura. É preciso deixar claro aos que insistem em não usar óculos mentais que nada aqui tem caráter pessoal. Somos amigos há mais de trinta anos, você sabe como gosto de você e te apoio em suas ações mesmos que inseridas em certa pressa ou metodologias de gambiarra. Isso é uma crítica direta às maneiras de como você faz suas coisas, e você sabe que te digo olho no olho, e que sempre estive junto a você oferecendo minha contribuição para o que você quiser, pois acredito na sua energia de trabalho, no seu poder aglutinador especial e que tem que ser aproveitado. Conheço Solange Farkas há mais tempo que todos os meus amigos, desafetos e colegas de arte. Portanto minha tese aqui postada nada tem a ver com amizade, mas com uma visão de cultura. Solange Farkas cometeu erros sim, mas não os que você aponta. Cometeu erros de cuidados contra os melindres afetivos de artistas ressentidos, e muitas vezes com razão, faltou a ela um cuidado político, coisa que ela confessadamente não faz bem, ao menos na Bahia que possui uma natureza ainda lastreada pelo senso do chamo hoje de “coronelato progressista “. Falar de uma curadora de Feira de Santana que saiu e conquistou o mundo, e, muito antes de tudo isso, de seu envolvimento com o MAM BA, dois anos antes já me confessara ao me mostrar sua casa aqui em Salvador - ”Val, quero dividir o que conquistei, dar meu contributo a meu Estado, ajudar a melhorar no que eu puder aqui...” Mas pelo que vejo, ninguém conhece as conquistas de Solange, sua representatividade, seu trabalho reconhecido mundialmente. Vão ao Google. O que deveria soar como admiração e orgulho de uma conterrânea que fundou o Vídeo Brasil, que produziu uma ópera de Lighetti, que assina curadorias nos mais famosos e exigentes museus do mundo, que edita a VÍDEOBRASIL COLEÇÃO DE AUTORES, trazendo artistas do naipe de William kentridge, Rafael França, Mau Wal, Akram Zaatari; edita os cadernos reflexivos importantíssimos , CADERNOS DO SESC-VÍDEO BRASIL, edita o FESTIVAL DE ARTE ELETRONICA SESC-VÍDEO BRASIl - com inscrições abertas nacionalmente para a sua XVII EDIÇÃO - lembrando que na edição anterior foram premiados pelo menos três artistas baianos que me lembro no momento, a saber, Danilo Barata, Caetano Dias e Ayrson Héraclito, ninguém lembra ou sabe disso, se sabem não citam por omissão maliciosa. É de conhecimento de quem está disposto ao razoável, que vários artistas baianos que empunharam seus projetos sempre foram bem recebidos e agregados a exposições internacionais, algumas delas em exercício no tempo presente, como Gayo Matos, Eneida Assunção etc. Há muito mais que foi feito pelos artistas baianos, estou esperando um dossiê destes beneficiados por qualidade e iniciativa, e não pelo ui,ui, ui como uma canção lamuriante de um reage deslocado. Ninguém lembra, ainda na gestão de Heitor Reis, da maravilhosa MOSTRA PAN AFRICANA DE ARTE CONTEMPORÂNEA sob sua curadoria? E já na sua gestão a francesa ORLAN, presente entre nós, nos fornecendo os subsídios conceituais de sua respeitada obra, a emblemática instalação do nosso saudoso amigo MÁRIO CRAVO NETO, a festejada obra da também francesa SOPHIE CALLE , e sua potencia feminina em CUIDE DE VOCÊ , numa das mais eficientes demonstrações de expositividade museológica por sua montagem e esmero que jamais vimos por aqui? A beleza poética da fotografia de THOMAS FARKAS, a apresentação do cineasta e obra de KENETH ANGER e seu cinema espandido, que sublinhou a ausência de interesse dos artistas locais? O multi-artista PETER GREENWAY, e a imperdível mostra de JOSEPH BEUYS, ora em curso no MAM BAHIA? Estas são atividades que estão na minha memória no momento em que escrevo este texto sem me servir de nenhum auxílio de documentação que perfile tudo que foi feito. Mas podemos ainda acrescentar as mudanças operadas num museu que sofria com um restaurante de gosto duvidoso, com sua caricatura de música afro-baiana para deleite meia dúzia de turistas estrangeiros pouco esclarecidos. O aproveitamento dos espaços deste restaurante na ampliação expositiva do museu, a instalação de uma rede informática, pois o museu foi herdado sem um único computador, ao menos dispunha de um mailing; a aquisição de aparelhos de alta tecnologia, como todo um aparato que nos possibilita ver hoje mostras de teores tecnológicos agregadas a vídeo-arte e instalações que exijam novas mídias, etc.
O remanejamento do acervo histórico para exibição em museus brasileiros e europeus como forma de gerar receita complementar à sua parca programação orçamentária, e os desavisados que ouvem o galo cantar e não sabem onde, ficam alardeando informações tendenciosas, quando não por pura ignorância. A edição do livro do MAM foi conseguida por Solange Farkas através do Banco Safra, mas o museu nem sua diretora pode ou tiveram a mínima intervenção editorial, pois esta era a condição da edição do livro visto que o Banco Safra tem seu próprio desenho editorial, um tanto clássico para o perfil do museu, mas melhor tê-lo com seus erros e deslocado design, que não ter nada. Todo este relato é feito de memória no imediatismo de responder a artistas insatisfeitos com a gestão do museu. São parciais, ignoram quase tudo, além de uma insistente e maliciosa indisposição calcada em interesses políticos e confusão mental.
Fui relacionado por um colega que gosto muito, Leonel matos,afirma ele que defendo Solange Farkas por ser amigo, e pelo oportunismo de fazer uma mostra no museu que ela dirigia. Ora Leonel, isso é de uma descabida idiotia recheada de maledicência, e não quero que isso resvale para nossa amizade tão longa, nada aqui é pessoal. Você argumenta que tem 40 anos de arte, eu tenho 42, e repito, isso aqui não é uma competição geriátrica, ao menos para mim, exponho no MAM meritoriamente desde a gestão de Chico Liberato, expus na gestão de Heitor que fez um excelente trabalho de resgate do Museu de Arte Moderna da Bahia mas que a certa altura perdeu sua capacidade de manutenção por culpa dos humores de Antonio Carlos Magalhães que sabe-se lá por quais motivos drenou o orçamento do MAM. Assistimos Heitor sair melancolicamente depois de uma gestão que tornou o museu mapeado no cenário brasileiro, mas passou, como passou Silvio Robato, Chico Liberato e agora Solange Farkas. Fica o museu, e nós artistas baianos que precisamos de novas maneiras de olhar para nossa terra e para o mundo em sua febril transformação. Amigo Leonel, seu modo intuitivo não alcança a dinâmica que o mundo exige, una-se aos amigos que podem te disponibilizar o que te falta, trabalhemos juntos, mas se livre de afirmações injustas que você nunca foi dado a tais comportamentos, minha recente mostra no MAM foi realizada sob enormes dificuldades, você sabe disso, apresentei um projeto para dois editais, venci um, perdi outro, fiquei na primeira suplência, e para minha sorte, houve uma desistência que me possibilitou realizar meu trabalho. Não precisei de minha amiga Solange para fazer o que tenho feito e reconhecido por muita gente, inclusive você. Tenho uma trajetória, sou independente, não pertenço ao PT ou a nenhuma outra sigla partidária.Sou um artista reconhecido como você, com uma história de trabalho árduo e obsessivo. Você que se queixa tanto, apresentou algum projeto? Foi ver alguma mostra que citei aqui? Viu Tunga, foi ver José Resende no Palacete das Artes? Carlito Carvalhosa, estas são iniciativas curatoriais de Daniel Rangel, competente, baiano como Solange Farkas que o introduziu no circuito e nos deixa como uma benfazeja herança. Quem não gostar vá chorar ao pé do CABÔCO, fica lá no Campo Grande. Asé
Vauluizo Bezerra