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12 janeiro, 2011

Correspondência em Resposta a Rener Rama Sôbre o Horizonte Perdido da Arte Contemporânea.

Amigo Rener, O mundo que aí está é o mundo possível, não temos outro, é esse e pronto!! Horizonte sempre haverá, o problema é sob que leis de observação podemos distinguí-lo, eis a tarefa. Estamos distantes da física Newtoniana, banhados ainda pelos relativismos einsteinianos, a física de hoje se emblematiza numa cadeira de rodas agindo com um cérebro e um dedo: Stephen Hawking. Penso a arte de hoje dentro destas analogias com a ciência, tomo aqui o conceito ou existência dos Black Holes, não sabemos de suas leis a partir do que os físicos chamam de Horizonte de Evento. Na arte o horizonte de evento se dá na particularidade de cada artista, são corpos autônomos que necessitam de decifrações especificas em cada olhar que lançamos sobre qualquer artista. É na conjunção destes muitos corpos - daí a necessidade curatorial - que nos fornece o espetáculo de belas constelações e rudimentos que esclarecem a superfície de suas escolhas neste recorte estelar, mas não distinguem o que regem suas fisicalidades, apenas a mecânica de suas escolhas, seus recortes. Baudrillard fala de tal pulverização, da metástase na cultura, na arte, mas a arte continua existir sob a égide do espetáculo, de suas meras aparências, porque é isso o que somos hoje, unidades anônimas reconhecíveis pelo conjunto, daí uma ou outra estrela ganha nome, e passa ao reconhecimento mapeado, eis o mundo que tantos estrilam e que me causa estranhamento, mas me diverte, mesmo não sendo classificado num mapa não deixo de me sentir artista, e como pertenço a uma geração dinossáurica que não possui a chamada "inteligência emocional", ainda assim prevalece o logos: penso, pinto, desenho, fotografo, filmo, logo existo. Eu adoro esta época, celebro-a como você sugere! Num texto recente eu disse a propósito da reação de Arnaldo Jabor sobre a Bienal de São Paulo - veja integral no meu blog, http://vauluizobezerra.blogspot.com/ , mais ou menos isso:" minha vocação dinossáurica num tempo em que realmente o artista se tornou a obra, isso não é pra gente velha como Jabor, nem eu que sou mais novo mas entalado entre duas noções, por isso digo, not so wrong, not so right, me resta o alento de saber que em tempos escuros se formou gente como Caravaggio que não gosto, mas também Rembrandt, eu quero ser Rembrandt quando crescer, há uma luz naquelas sombras, mas há também em Olafur Eliasson, not so wrong, not so right. On the Wall. "
É isso, nosso mundo é babélico, mas adoro essa confusão, tanta coisa a fazer, decifrar, brincar, brincar. Abração VB.2011

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