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28 outubro, 2011




Sou leitor e ouvinte da jornalista Dra. Malu Fontes. Gosto muito de suas reflexões embora aqui e ali tenha algumas dificuldades com certos posicionamentos dela. Em CADA TEMPO TEM O FREAK SHOW QUE MERECE por exemplo, me parece uma conclusão urdida pela "camisa de força"  do poiíticamente correto. Me lembro a propósito,  de um dos filmes BATMAN, em que Jack Nicholson protagoniza o Coringa na cena em que pixa quadros de um museu de arte. Quando se defronta com a fealdade de uma pintura de Francis Bacon, diz cinicamente: esse eu gosto.É como se levantasse romanamente o polegar para cima, deixa incólume a obra de Bacon: a sanidade de um psico contemporâneo, talvez amem tanto o Coringa pela loucura que nos ronda. Muitos setores da arte contemorânea têm muito deste conceito de freak show, Vejam o Tubarão, as vacas e os porcos de Damien Hirst, ou as pinturas de sexo explícito de Jeff Koons e Cicciolina, na época sua esposa, ou toda sorte de escatologia e violência contidas ao longo da história humana em todos os setores da produçao cultural. Malu já viu alguma exposição de objetos de tortura da inquisição? Tais objetos em conjunto me afligiram ao ponto de sair da mostra com somatizações de pânico. Circos como o MMA, o K1, conhecidos genéricamente como VALE TUDO e outras modalidades do gênero são como espetáculo correlatos `a idéia romana inscrita na arena, mas jamais podemos estabelecer uma paridade da crueldade sabida históricamente,  com o que se promove hoje com homens atletas que trabalham seus corpos sob a juridisção da ciência médica, e da  ética em ringue,  e de profissionais que se espraiam ao cuidado absoluto com o corpo destes atletas. Considerar também que numa luta destas modalidades ninguém decide com o polegar a glória ou a morte de um vencedor ou perdedor. Nomes como a família Gracie que revolucionaram o esporte como uma espécie de enxadrismo corporal, Minotauro, Glaube Feitosa, Mauricio Shogun, Cigano e tantos outros brasileiros são lendários lutadores internacionais que gozam de representatividade global que o pobre rico  Luciano Huck jamais atingirá. Um atleta como Anderson Santos dançando com Marisa Monte abre visibilidades a ela em nichos globais que ela jamais atingiria com as especificidades geo-politicas da arte que faz. As piores violências de nosso mundinho contemporâneo são exercidas sob o cinismo, a hipocrisia moral e ética urdidas no que chamo de  "CONCÍLIO DE WASHINGTON"  a igreja comportamental produzida pelos americanos regrando nossas liberdades em inúmeros setores, Dra. Malu já discorreu sobre muitas delas, eu, como fumante sou uma destas vítimas em meus rituais de café expresso no Shopping  Barra, para em seguida sorver meu tabaco. Fomos expulsos - os fumantes - para a entrada do shopping  num cantinho acanhado, com direito a uma duvidosa gentileza de nos disponibilizar uns puffs de couro sintético onde fumávamos com cara de tacho, olhando inevitavelmente um para o outro nos forçando `a mimetização de nos transformar em puffs como saída de abstração evitando o constragimento nas notações sôbre o OUTRO como estratégia de evasão do feed back do quanto somos ridículos. Hoje não temos puffs, fumamos com um pé no meio fio outro no asfalto. Isso é uma contra violência paradoxal exercida pelo capitalismo a consumidores que movimentam bilhões de dólares, mas somos párias sob a égide da ”moral de jegue”  que vitimiza nosotros todos americanos  ocidentais;  a outros povos de estranhas culturas - se tiver petroleo perto lhes endereçam mísseis, a felicidade é relativa.
Mas voltando `a violencia dos octógonos Malu Fontes parece uma texana quando compara uma tourada ou briga de galo com seus gadgets de aço em busca do letal, com o jogo tácito das lutas de MMA e K1. O afeto e humor destes artistas da luta surpreendem os desavisados quando vistos nos bastidores, é certo que sempre tem um destemperado como Badr Hari, marroquino que sou fã como lutador, mas que precisa de algumas dezenas de sessões num divâ lacaniano pra mudar sua estrutura psicologica por vezes descontrolada. De resto, lembrar que que portamos sistema límbico e Complexo R: estruturas  biológicas básicas semelhantes a qualquer animal, que contidas pelo nosso Neo-Cortéx inventor de Deus, da cultura, da política e seus sintomas reativos que historicamente nos devolve `a condição reptílica de modo coletivo produzindo o equilíbrio populacional do planeta em ringues mais amplos. Nos octógnos há sangue, é certo, mas raramente se assiste as animosidades que encontramos cotidianamente nas ruas de Salvador. Malu, continuo seu fã.
 18.10.2011

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